Arrábida perdeu mais de mil hectares
de zona protegida
O incêndio na Serra da Arrábida está controlado e “pode ficar extinto nas próximas horas”. É pelo menos esta a expectativa do coordenador das operações, Mário Macedo, apesar dos “muitos reacendimentos ocorridos hoje” que, no entanto, são “imediatamente controlados”. Ao todo, em dois dias, arderam “mais de 1000 hectares de zona protegida”, confirmou ao “Setúbal na Rede” o presidente da Associação de Produtores Florestais da Península de Setúbal – AFLOPS -, José Miguel Caetano.
“Grande parte da vegetação ardida corresponde a áreas de protecção integral”, refere José Miguel Caetano. Ou seja, são áreas “muito importantes em termos de conservação da natureza” e onde o Parque Natural da Arrábida “impõe as maiores limitações aos proprietários”. A recuperação da vegetação perdida “não vai ser fácil”, até porque a vegetação florestal “pode levar 30 a 40 anos a ser recuperada”. Já a vegetação autóctone “demora três a quatro anos a crescer”.
A AFLOPS acrescenta ainda que os proprietários florestais do Parque Natural da Arrábida são “os mais atingidos nesta catástrofe”, por isso “recusa as críticas que apontam a associação como responsável pelos incêndios”. A AFLOPS emitiu mesmo um comunicado no qual recorda que a AFLOPS e os associados “garantem, na Serra da Arrábida, o único posto de vigia que funciona 365 dias por ano, 24 horas por dia”.
O responsável da AFLOPS explica que a AFLOPS tem um sistema de vigilância, prevenção, comunicação e primeira intervenção em combate aos fogos florestais e “só na zona de influência do parque natural”. Este sistema é composto por sete brigadas de sapadores florestais, duas brigadas vigilante motorizadas, dois postos de vigia permanentemente a funcionar e dois coordenadores de sistema. Por isso, considera que a intervenção dos meios da associação “tem sido decisiva em toda esta catástrofe”.
Incêndio praticamente extinto
Depois de dois dias a arder, a Serra da Arrábida parece ter entrado numa fase de acalmia. Todas as frentes de incêndio “estão controladas” e os reacendimentos “tendem a ser cada vez menos”. Quando, por imperativo dos ventos e das altas temperaturas, as chamas renascem das cinzas os bombeiros “prontamente correm a apagá-las”. Daí que Mário Macedo acredite que as previsões para as próximas horas sejam animadoras e que o incêndio “está praticamente extinto”.
O responsável pela Protecção Civil Municipal de Setúbal, José Luís Bucho, confirma que “o pior já passou” e vive-se, agora, uma fase de rescaldo. Apesar do incêndio estar “praticamente extinto”, as próximas horas são “vitais”. Por isso, “vão manter-se todos os meios de vigilância e combate” no Parque Natural da Arrábida. No combate às chamas estão ainda mais de 100 bombeiros de várias corporações e dois helicópteros.
O trânsito também regressou à normalidade na Arrábida, excepto na estrada do alto da serra que “continua encerrada”. Isto porque, esta via é necessária para que os bombeiros possam posicionar os meios de combate e mais facilmente desenvolver o seu trabalho. José Luís Bucho acrescenta que esta estrada “não deverá reabrir já amanhã”, precisamente para que se “mantenha a vigilância necessária no local”.
No entanto, apesar da situação estar mais calma e de o trânsito ter regressado à normalidade, este não foi um dia “normal” de Verão nas praias da Arrábida. Isto porque, apesar do calor, as praias estavam praticamente desertas, depois de terem sido evacuadas dois dias consecutivos devido ao incêndio que alastrou pela vertente sul da serra.