Greve na Soflusa pára travessia fluvial
entre Barreiro e Lisboa
Amanhã, entre as 5:30h e as 8:00h, “não haverá circulação de barcos da Soflusa, entre o Barreiro e Lisboa”. É a garantia do presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF), José Manuel Oliveira, que espera uma “adesão praticamente total” à greve marcada para os dias 13 e 16 de Agosto. Isto porque, os trabalhadores da Soflusa consideram “inaceitável” a proposta de revisão do acordo de empresa apresentada pela administração.
Os trabalhadores vão fazer greve nas duas horas finais de cada turno. O primeiro turno vai mesmo conduzir a uma “paragem na travessia fluvial entre o Barreiro e Lisboa, nas primeiras horas da manhã”. À tarde, esperam-se “muitas perturbações de circulação, entre as 14:00h e as 18:00h”, refere José Manuel Oliveira.
Para minimizar as consequências para os utentes, o director de pessoal da Soflusa, José Ramires, garante ao “Setúbal na Rede” que a empresa vai “organizar transportes alternativos”. “Haverá autocarros para transportar as pessoas entre o Barreiro e o Seixalinho, no Montijo”, explica este responsável. No Montijo, os utentes poderão depois “apanhar uma carreira da Transtejo até ao Terreiro do Paço”.
Esta é a segunda paralisação em dois meses dos trabalhadores da Soflusa, que reivindicam “aumentos salariais superiores à proposta da empresa”. A empresa “não quer ir além dos 2%”, explica José Manuel Oliveira, enquanto os trabalhadores exigem um aumento de 3%. Segundo o sindicalista, verificaram-se “alterações substanciais”, como é o caso das novas carreiras, que “têm de ser recompensadas nos salários”.
O presidente do SNTSF considera necessária a “atribuição de compensações aos funcionários com novas funções e mais responsabilidades”. Mas esta é uma questão à qual “o acordo de empresa não responde”, bem como não contempla a formação profissional. O sindicalista considera ainda “inaceitável” a alegada “flexibilização do horário de trabalho”, pretendida pela empresa, e que “pode levar às 50 horas semanais e à redução das horas extraordinárias”.
Por parte da Soflusa, José Ramires justifica o aumento salarial de apenas 2% com as “dificuldades económicas e financeiras” da empresa. Houve um aumento das despesas de exploração que não foi acompanhado por um aumento de receitas, pelo que a Soflusa “não deverá negociar o valor proposto”. Quanto à alegada flexibilização do horário de trabalho, o responsável explica que pretendia-se “organizar o horário em duas partes, uma de manhã e outra de tarde”. No entanto, esta proposta “já não vai avançar”.
Relativamente à revisão de carreiras e à formação profissional, o director de pessoal da Soflusa garante que a administração “nunca recusou negociar estas matérias” que considera de “grande importância”. Diz mesmo que a empresa “está de acordo que sejam objecto de tratamento especial” e assegura que, ”na altura própria, mais à frente nas negociações, vão ser apresentadas propostas”. A Soflusa ainda não abordou estes temas no acordo de empresa uma vez que “começou por dar prioridade às questões financeiras” e as recentes greves “atrasaram as negociações”.