Festa do Avante homenageia Carlos Paredes
A 28.ª edição da Festa do Avante, que se realiza entre 3 e 5 de Setembro, na Quinta da Atalaia, no Seixal, abre com um “espectáculo único” de homenagem ao guitarrista Carlos Paredes, que faleceu recentemente. Dias Coelho, da comissão executiva da Festa do Avante, revelou ao “Setúbal na Rede” a última novidade do certame, que “não quis deixar de homenagear um grande artista e comunista, ligado à festa desde o primeiro momento”. Outra novidade é que a Revista Programa da Festa do Avante já está disponível, desde ontem.
A programação da Festa do Avante já estava concluída quando se soube a “triste notícia” da morte do mestre da guitarra portuguesa, a 23 de Julho de 2004. Carlos Paredes esteve ligado à “grande festa dos comunistas” desde a primeira edição e “só deixou de participar quando já estava muito doente”. Por isso, a organização resolveu alterar a programação para “incluir um momento muito especial de homenagem ao grande guitarrista português”.
Assim, este ano, a Festa do Avante, que marca a ‘rentrée’ política do Partido Comunista Português (PCP), vai abrir com um espectáculo de bailado, ao som do tema “Verdes Anos”, de Carlos Paredes. O bailado será inspirado em coreografias de Vasco Gallenkamp e será representado por bailarinos da Fundação Gulbenkian. “É a primeira vez que se realiza um espectáculo de bailado naquele que é o palco principal da festa, o palco 25 de Abril”, refere Dias Coelho.
Outra novidade na 28.ª edição da Festa do Avante é a iniciativa “Komunix”. O objectivo é “dar expressão a um debate de reflexão e intervenção” sobre o acesso às novas tecnologias, nomeadamente sobre a propriedade do software. Por isso, vai ser lançado um CD que se chama, precisamente, “Komunix”. O CD pode ser utilizado pelos visitantes nos computadores colocados à disposição. Neste espaço, além de vários debates sobre a matéria, o visitante poderá assistir e participar em workshops de demonstração de instalação e utilização de várias soluções de software livre. O CD “Komunix”, com centenas de aplicações de software livre baseado em Linux, estará à venda na festa.
Mas o grande destaque de todas as edições da Festa do Avante é, “sem dúvida, o comício de domingo”, com o secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas. A expressão política tem “muito peso” na festa e, este ano, Dias Coelho espera que Carvalhas profira um “discurso de afirmação do partido” e de “apelo à luta contra a política que tem governado o país”. Para além da intervenção do secretário-geral, deverão ainda intervir no comício, marcado para as 17:00h do dia 5 de Setembro, Francisco Leitão, da JCP, e o director do jornal “Avante”, José Casanova.
Homenagem aos 30 anos do 25 de Abril
O tema central da 28.ª Festa do Avante vai ser as comemorações dos 30 anos do 25 de Abril, com expressão “em quase todas as actividades do evento”. Assim, Mário Laginha e Bernardo Sassetti vão estrear as composições “Grândolas”, encomendadas de propósito para a festa. Vão ser também lançados quatro CDs com conteúdos da vida e obra de Ary dos Santos, e que contém, mesmo, “poemas inéditos” do autor que foi homenageado na edição do ano passado.
O concerto de música clássica, que se segue ao espectáculo de homenagem a Carlos Paredes, pretende também “invocar o 30.º aniversário da Revolução de Abril”. Em palco vão estar “três dos melhores pianistas do mundo”, ou seja, Pedro Burmester, Mário Laginha e António Rosado. No Avanteatro, vai estar em cena a peça “Autos da Revolução”, feita a partir de textos de António Lobo Antunes. Destaque ainda para a realização de um ciclo de debates sobre os 30 anos do 25 de Abril, a exposição “Que viva Abril!” e uma exposição de fotos de Júlio Dinis intitulada “30 momentos de Abril”.
Quanto aos espectáculos musicais, vão passar pelos palcos da festa artistas como a banda portuguesa Clã, Rui Veloso, Pedro Abrunhosa, Sérgio Godinho, Rao Kyao, Vitorino e Janita Salomé, Lura (Cabo Verde), Mísia e os Navegante. Dias Coelho destaca ainda um espectáculo conjunto do agrupamento Tocá Rufar com grupos de música e de dança de vários países europeus e do norte de África. Trata-se de uma animação de rua que vai percorrer o espaço da festa durante os três dias da sua realização. O desporto também é uma “grande aposta” da Festa do Avante e, este ano, “estão inscritos mais de dois mil atletas”, nas várias actividades a realizar.
O membro da comissão executiva da Festa do Avante espera que “milhares de pessoas visitem uma festa que não é só dos comunistas”. Apesar de ser organizada e construída por militantes e simpatizantes do PCP, a festa “é para todos e de todos aqueles que nela se revêem”. Numa altura em que se assiste à profusão dos festivais de Verão, a Festa do Avante tem uma “característica única muito própria”. A “programação diversa, inovadora e popular” aposta “naquilo que de melhor se faz” em Portugal e abarca, igualmente, “as mais diversas expressões culturais e conceitos estéticos”.
A esta altura, “centenas de militantes e amigos do PCP ainda trabalham para montar a festa”. É um “grande espírito de militância” que leva estas pessoas “a perderem muitas horas do seu tempo” para construir uma festa “bonita e agradável”. Provavelmente, às 19:00h do dia 3 de Setembro, quando Carlos Carvalhas anunciar a abertura da festa mais esperada pelos comunistas durante o ano, muita gente “ainda estará a dar os últimos retoques para que nada falhe”.