Associações de Estudantes insatisfeitas
com aumento de propinas
Os alunos da Escola Superior de Ciências Empresariais (ESCE) não estão satisfeitos com o aumento da propina, para 780 euros. Um membro da Associação de Estudantes (AE), Salomão Resende, garante que os alunos “já se reuniram e que não vão ficar calados”. O estudante não compreende o aumento, pois “a educação deve ser um investimento sério do qual depende o desenvolvimento do país”. A presidente da AE da Escola Superior de Educação (ESE), Cármen Araújo, lembra que “Setúbal é uma região bastante carenciada”.
“Podemos não conseguir nada com esta luta” mas “é uma questão de princípio”, sublinha o estudante. A desculpa “é sempre a mesma, não há dinheiro”. Contudo, “não pode prevalecer uma ideia neo-liberal em que tudo é negócio”. Salomão Resende adianta que os alunos “vão chamar a atenção para uma melhor racionalização de recursos”. Salomão Resende não quer dar exemplos, mas garante que “há investimentos que não são prioritários”.
Aumentar as propinas para melhorar a qualidade de ensino “não pode ser regra”. “É preferível desistir da excelência para que a educação não fique limitada a uma elite”, logo a uma minoria. O sistema de incentivos anunciado pelo Conselho Directivo de algumas escolas do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) “é um bom principio” mas, “na prática pode levar a situações injustas”.
É “óbvio” que um jovem cujos pais sejam licenciados, com um bom ambiente familiar e grandes recursos económicos “está em vantagem”. O sucesso escolar “está associado a estes factores”, por isso “é possível beneficiar alguém com recursos financeiros próprios para crescer”. Agora, há outras situações em que o aluno é esforçado, “não tem recursos e não consegue notas altas”. Os serviços de acção social “ajudam a colmatar estas situações”, embora não sejam “perfeitos”.
A presidente da AE da ESE não partilha desta opinião. “É uma boa ideia” porque “ajuda alguns alunos carenciados”. Ou seja, “é uma oportunidade de pagar menos e continuar no ensino superior”. Além disso, o Serviço de Acção Social “deu mais bolsas”.
Cármen Araújo acrescenta que “não se vê um aumento na qualidade”. Contudo, a aluna admite que a ESE “não tem um leque de opções variado” porque a situação financeira “é má”. A principal causa do aumento das propinas “é a actual política governamental”, frisa Cármen Araújo. O ensino “é para quem tem dinheiro para pagar”.
O ano passado, o IPS fixou o segundo valor mais elevado numa instituição politécnica. Só Viana do Castelo pagou mais que os alunos de Setúbal. Muitas famílias foram surpreendidas e “alguns jovens deixaram de estudar para trabalhar” de forma a adquirir o dinheiro suficiente para prosseguir os estudos superiores.
O “Setúbal na Rede” tentou contactar a Associação de Estudantes da Escola Superior de Tecnologia. Contudo, até agora não foi possível conversar com nenhum dos membros.