Festa do Teatro foi um êxito
A quinta edição da Festa do Teatro foi um “êxito” e a afluência de público “superou todas as expectativas”. O director do Teatro Estúdio Fontenova de Setúbal, José Maria Dias, mostra-se também “muito satisfeito” pelo sucesso da estreia da peça “Audição com Daisy ao vivo no Odre Marítimo”. A 33.ª produção da companhia teve lotação “quase esgotada” e “mereceu os elogios do autor”.
O Teatro Estúdio Fontenova de Setúbal estreou, no passado dia 1 de Setembro, no decorrer da Festa do Teatro, a peça “Audição com Daisy ao Vivo no Odre Marítimo”, baseada num texto recente de Armando Nascimento Rosa. O dramaturgo assistiu à estreia e “considerou que esta foi a versão mais fiel ao que ele pretendia quando concebeu o texto”.
Armando Nascimento Rosa “teceu grandes elogios” à encenação da peça, “por ter conseguido um excelente contraste entre um registo meio lírico e um registo mais burlesco”. Também o público “gostou muito” do que viu. As pessoas elogiaram o trabalho “excepcional” realizado pela companhia e, sobretudo, “o espectacular desempenho dos actores, com destaque para Eduardo Dias”.
Também a edição deste ano da Festa do Teatro “superou todas as expectativas”. Em muitos espectáculos, “houve lotação esgotada” e os restantes tinham sempre a sala praticamente cheia. “A peça com menos audiência tinha 80 pessoas a assistir”, o que, segundo José Maria Dias, “demonstra o êxito do evento”. O espectáculo “Lado B – Stand Up”, de Pedro Tochas, realizado no domingo, “encerrou a festa com chave de ouro” e “quase encheu o Fórum Luísa Todi”.
Ficaram, assim, infundados os receios do Teatro Estúdio Fontenova que “não esperava tamanho êxito, dado a festa não se ter realizado o ano passado”. “O êxito alcançado só demonstra que a Festa do Teatro veio para ficar” e que “já faz parte do roteiro cultural da cidade”, conclui José Maria Dias.
Mas, para a apreensão inicial da companhia contribuiu também o facto de o evento só ter começado a ser preparado com cerca de um mês e meio de antecedência. Isto porque, o evento “não integra o orçamento destinado à cultura da Câmara de Setúbal” e, como tal, teve de esperar pela resposta a uma candidatura feita pelo Teatro Fontenova ao Instituto das Artes (IA).
A câmara acordou com a companhia que, em caso do IA recusar o subsídio, “a autarquia apoiaria, de qualquer forma, com o orçamento já previsto”, que foi de 15 mil euros. No entanto, a programação teria de ser mais reduzida. “Foi precisamente o que aconteceu”, conta José Maria Dias, já que o projecto do Teatro Fontenova recebeu resposta “negativa” do IA.
A confirmação surgiu já muito próximo da data prevista para a realização do evento, numa altura em que a companhia “já não esperava fazer a festa”. No entanto, o director do Teatro Fontenova realça o “esforço e a dedicação” de todos os que “abdicaram das suas férias, em prol da cultura do concelho”. A cerca de um mês e meio da data prevista, a companhia colocou mãos à obra e “conseguiu ter tudo pronto a tempo”.
No entanto, tudo isto reflectiu-se na divulgação do evento. Quando se decidiu realizar a festa, “já era tarde demais para ser incluída no folheto dos eventos de Verão da Câmara de Setúbal”. Também já era tarde para integrar as agendas culturais das revistas, jornais e mesmo das televisões. “Com mais tempo, poderia ter sido feita uma reportagem por algum órgão de comunicação, a nível nacional”, acrescenta José Maria Dias.
O director do Teatro Estúdio Fontenova não poupa, por isso, críticas à Câmara de Setúbal que “teima em não incluir o evento no orçamento cultural anual”. O apoio da autarquia “é tirado a ferros”, ironiza, quando se está perante um evento que “a própria câmara considera fazer parte do roteiro cultural da cidade”. Se a festa integrasse o orçamento anual da câmara, “seria organizada com mais calma e antecedência” e, assim, “teria mais tempo também para arranjar mais apoios”.
É isso que José Maria Dias espera que aconteça no próximo ano, para que a festa “possa dar o salto qualitativo de que necessita”. Este ano, e “apesar de todas as dificuldades”, a quinta edição da Festa do Teatro foi um “êxito” e promete regressar em 2005, com a “esperança” de que não faltem apoios. 