[ Dia 07-09-2004 ] – ASSENTO PARLAMENTAR por Eduardo Cabrita (PS).

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ASSENTO PARLAMENTAR
por Eduardo Cabrita
(Deputado do PS eleito pelo distrito de Setúbal)

Uma Esquerda Moderna para Mudar Portugal

A eleição por todos os militantes do Secretário-Geral do PS é um notável exercício de participação cívica e de transparência democrática. Compare-se com o “golpe de Estado” na secretaria dado por Santana Lopes no PSD ou com o secretismo que tem rodeado a preparação do congresso do PCP.

Três candidatos trocam pontos de vista e apresentam propostas para a vida do PS e para o País perante o interesse dos portugueses que em Julho deram ao PS a maior vitória eleitoral de sempre. Importa que o debate se faça em torno dos projectos e dos méritos dos candidatos que lhes dão rosto, deixando de lado absurdas declarações sobre a democraticidade do processo de escolha as quais são pérolas dadas a forças políticas que nunca ousaram fazer uma escolha directa da sua liderança.

A candidatura de João Soares corresponde à mais antiga corrente de opinião organizada do PS, com alguma expressão junto dos militantes de base mas sem qualquer novidade de estratégica relativamente à posição assumida em anteriores congressos. A derrota eleitoral em Lisboa e a insistência na convergência com o PCP afectam irreversivelmente a viabilidade interna e externa deste projecto.

Manuel Alegre é uma referência de um certo modelo de intervenção política do tempo da resistência, ao qual todavia tem faltado uma intervenção consequente no combate à maioria de direita. As últimas intervenções recordadas de Manuel Alegre são aquelas que provocaram sérios problemas políticos ao governo do PS impedindo a resolução do problema dos resíduos industriais perigosos. Tem o apoio de um conjunto significativo das chamadas figuras nacionais e de dirigentes tradicionais do PS, mas tem como fragilidades óbvias a prioridade dada à justificação do passado em detrimento da estratégia do futuro e o facto de não apresentar uma alternativa para ocupar o lugar de Primeiro-Ministro, o que é incompreensível para os portugueses que confiam no PS.

José Sócrates é o melhor colocado para unir a esquerda democrática em torno de um projecto de alternativa que permita consolidar o resultado das eleições europeias e dar uma maioria absoluta ao PS. Representa a terceira geração do PS, após a geração fundadora de Soares e Zenha e a geração do ex-Secretariado de Constâncio até Ferro Rodrigues. A candidatura de José Sócrates distingue-se pela capacidade de aliar a defesa dos tradicionais valores da esquerda à inovação nas respostas às novas questões da economia global.

A qualidade de vida urbana, a defesa do ambiente, a formação tecnológica e a competitividade das empresas e dos serviços públicos são prioridades para uma esquerda moderna que não deve desiludir as expectativas concretas dos portugueses.

Os portugueses confiam no PS para afastar o governo PSD/PP até 2006. Cabe aos socialistas construir uma alternativa de poder com a abertura a toda a sociedade que está na tradição do partido da esquerda democrática portuguesa.  seta-1566025