[ Dia 16-09-2004 ] -Sindicato denuncia falta de segurança na Petrogal de Sines.

0
Rate this post

Sindicato denuncia falta de segurança
na Petrogal de Sines

O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Químicas, Farmacêutica, Petróleo e Gás (SINQUIFA) acusa a administração da Petrogal de “gestão ruinosa”, nomeadamente no sector da segurança. O sindicalista José Rosado garante que, “com o actual modelo, não estão acauteladas as devidas condições de segurança” na Refinaria Petrogal, em Sines. Por isso, “um acidente como o que aconteceu no Terminal Petrolífero de Leixões, também poderia ocorrer em Sines”.

José Rosado conta que antes da ENI entrar na Petrogal, havia uma “política de segurança adequada às realidades e especificidades” de cada refinaria. “Foi sempre possível salvaguardar as questões mais complicadas”, refere. A partir do momento em que “os interesses políticos e económicos se sobrepuseram”, o resultado foi o “desmantelamento do sector de segurança”. Este foi mesmo o principal motivo para uma greve realizada no início do ano pelos trabalhadores desta área.

O sindicalista denuncia a política de “redução de custos” da empresa, que se traduziu na redução dos trabalhadores da segurança da Refinaria de Sines. Por exemplo, a brigada de combate aos incêndios “passou de seis efectivos para apenas quatro”. Além disso, tem-se assistido a uma “passagem de tarefas da exclusiva competência da segurança para outros trabalhadores e sectores”. Para José Rosado, “não se deve misturar as coisas”, pois cada trabalhador tem “preocupações específicas”.

Relativamente a este último aspecto, o sindicalista afirma que “não se trata de falta de especialização”, como indica o relatório sobre o acidente na Refinaria de Leixões. “Todos os trabalhadores da refinaria têm formação adequada”, garante, e “todos têm conhecimentos mínimos e preocupações a nível de segurança”. No entanto, um trabalhador da segurança “tem uma especialização que os outros não têm”, já que “não é a área que lhes compete”. Em qualquer fábrica, “tem de haver um corpo de intervenção com pessoal especializado”, pois “só eles sabem o que fazer em caso de emergência”.

O sindicalista refere que uma das questões “mais quentes” tem sido a “luta e insistência” dos trabalhadores da Petrogal contra a delegação de competências que são da estrita competência do sector de segurança. A administração da empresa ditou, na refinaria de Leixões, que todas as autorizações de trabalho, que “sempre foram da exclusiva responsabilidade da segurança”, passassem para a fábrica. Já os trabalhadores de Sines “lutaram e não deixaram que isso acontecesse nesta refinaria”.

Além disso, a redução dos efectivos da segurança faz com que haja trabalhadores a “trabalhar 12 horas consecutivas”. É “sintomático” o facto de, no dia do acidente em Leixões, estarem “apenas a trabalhar três homens do corpo de combate a incêndios da refinaria”. Estes já estavam “exaustos, depois de trabalharem tantas horas”, e “tiveram de ser chamados os bombeiros daquela zona”.

Aliás, a redução dos trabalhadores da segurança e a alteração de procedimentos nesta área “tem sempre de ser comunicada, por qualquer empresa, às entidades competentes”. Por isso, José Rosado considera que o modelo de segurança das refinarias está repleto de “ilegalidades”.

Segundo José Rosado, o acidente no Terminal Petrolífero de Leixões “não serviu para a administração tomar medidas” na Refinaria de Sines. Aliás, afirma que a empresa “quer fazer crer que está tudo bem na refinaria, que não problemas, nem perigo para trabalhadores e população do concelho”. Mas isto “não é verdade” e a comprová-lo está o facto de o presidente da Câmara de Sines ter reunido na passada sexta-feira com a administração e “ter saído com graves preocupações”.   

Em Sines, “é preciso precaver situações idênticas à que ocorreu em Leixões”. Por isso, os trabalhadores agendaram uma série de plenários, para o final do mês de Setembro. Em cima da mesa vão estar questões relacionadas com a segurança e o ambiente na fábrica. Destes plenários deverão sair, “muito provavelmente”, decisões sobre novas formas de luta a realizar em Sines. Os trabalhadores “exigem a mudança de administração” e “uma nova política de segurança”. José Rosado acrescenta que os trabalhadores da área “têm propostas nesse sentido”, que apresentaram já à empresa, mas que “foram sempre desvalorizadas”.

O “Setúbal na Rede” contactou a Galp Energia, mas fonte da empresa adianta que “o assunto de Leixões está ainda em fase de reuniões e de relatórios definitivos”. A mesma fonte adianta que “não poderá, assim, a Galpa Energia efectuar, por ora, mais comentários que se prendam directa ou indirectamente ao acidente”. O “Setúbal na Rede”tentou ainda contactar o presidente da Câmara de Sines, mas tal não foi possível, até ao momento. seta-3142503