[ Dia 11-10-2004 ] – ASSENTO PARLAMENTAR por Joel Hasse Ferreira .

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ASSENTO PARLAMENTAR
por Joel Hasse Ferreira
(Deputado do PS eleito pelo distrito de Setúbal)

A Comunicação de Santana Lopes

A comunicação de Santana Lopes nos Açores sobre alguns aspectos do Orçamento de Estado foi profundamente mistificatória. Dizer que baixará o IRS (ao contrário do que fez Ferreira Leite e do que disse Bagão Félix) integra um conjunto de promessas dificilmente compatíveis com o equilíbrio orçamental que diz pretender, o qual certamente só será possível com avultadas receitas extraordinárias (vendas atrabiliárias de património do Estado e irresponsáveis integrações de Fundos de Pensões, assumindo responsabilidades para décadas em troca de uma contabilização imediata).
 

A maioria da “nomenclatura” em boa parte derrotada no Congresso do PS evidenciou também as suas fragilidades no distrito de Setúbal. Alberto Antunes (ex-governador civil e ex-presidente federativo) não chegou a apresentar lista (por João Soares)na secção de Almada/Cova da Piedade. A lista dinamizada por Ana Catarina Mendes não elegeu um único delegado (por Alegre) na mesma secção. Houve uma alteração significativa nas correlações de força no distrito, tendo na própria cidade de Setúbal, Ricardo  Roque (pela moção de Porfírio Silva) conseguido ser eleito, contrariamente a Humberto Daniel (que foi o mais duradouro funcionário da Federação do PS de Setúbal era apoiante de João Soares). Aliás nessa mesma secção, seis (cinco mais um) dos delegados foram eleitos pela moção de José Sócrates.
 

A sucessão de Carlos Carvalhas não será fácil no PCP. O eventual novo líder Jerónimo de Sousa, (“por acaso” também deputado por Setúbal) terá, se for eleito secretário-geral, que clarificar as posições dos comunistas portugueses quanto ao tipo de economia e ao modelo de Europa que defendem. Não é mais possível usar apenas os chavões do combate ao desemprego (já que o PS o combate mais eficazmente) nem falar da Europa dos trabalhadores, sem clarificar o posicionamento efectivo dos comunistas quanto às questões europeias fundamentais. É por aí que deve passar a definição estratégica da força eleitoralmente mais importante “à esquerda” do PS, a qual aliás tem uma importante base sindical e uma base autárquica ainda relevante. No domínio do poder local, apesar da clivagem relativa entre renovadores e “ortodoxos”, o PCP dispõe ainda em Setúbal de uma forte base autárquica, certamente a proporcionalmente mais relevante em todo o território da República. E quanto à base sindical, presente nas empresas em larga escala, é também um dos baluartes relevantes do sector comunista da CGTP. Os comunistas, quando querem, são importantes no combate ao Governo, mas têm-se efectivamente esforçado nas últimas décadas, por não integrar o “arco da governabilidade”. seta-5561805