União de Sindicatos mostra a Governo Civil
preocupação com desemprego
A União de Sindicatos de Setúbal (USS) considera que “não há emprego de qualidade no distrito”. Este é dos problemas apontados num ‘memorandum’ sobre a situação sócio-laboral de Setúbal que a USS entregou, esta manhã, ao Governo Civil. O coordenador da USS, Rui Paixão, garante que “há 3500 postos de trabalho em perigo” e que o tecido industrial não aposta em Setúbal “há muitos anos”.
O desemprego no distrito “continua a subir e já atinge 41 mil pessoas” e empresas como a Merloni e a Gestnave “estão em dificuldades”. Por isso, Rui Paixão não percebe o que foi feito do Plano de Intervenção para a Península de Setúbal (PIPS) criado pelo actual ministro das Finanças, Bagão Félix. O plano vigora até 2006 mas “ainda não teve efeitos visíveis ao nível da criação de emprego”.
O último grande investimento industrial em Setúbal “foi a Autoeuropa”, o que quer dizer que “há anos que não há investimentos de qualidade”. Os centros comerciais e hipermercados “são importantes ao nível da criação de postos de trabalho, mas não geram riqueza”. O Governo tem “de perceber que os trabalhadores da região têm uma cultura laboral voltada para a indústria”, sugere o sindicalista.
O aumento do custo de vida também preocupa os sindicatos. Rui Paixão defende que “há uma necessidade do aumento real dos salários”. O Governo prevê, para 2005, um aumento da inflação na ordem dos 2%. No entanto, Rui Paixão acredita que esta “não é uma previsão realista” e que os valores vão ser “mais altos”. Este cenário é “perturbador” numa época em que o Estado “opta cada vez mais pelo princípio do utilizador-pagador”.
Esta iniciativa realiza-se no âmbito da Semana de Agitação e Esclarecimento junto dos trabalhadores e da população. O lema é “Basta de Injustiças e Desigualdades” e o objectivo “é mobilizar os trabalhadores” porque “é necessário mostrar descontentamento”. A 10 de Novembro, os trabalhadores concentram-se no Rossio, em Lisboa.