[ Dia 04-11-2004 ] – Dissolução da Gestnave é deliberada esta semana.

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Dissolução da Gestnave é deliberada esta semana

A secretária de Estado da Indústria, Comércio e Serviços confirmou à Comissão de Trabalhadores da Gestnave que a dissolução da empresa “vai ser deliberada esta semana”. O membro da Comissão de trabalhadores (CT), José Pereira, confirma ao “Setúbal na Rede” que “estão em causa centenas de postos de trabalho”. Por isso, os trabalhadores encontram-se, esta manhã, frente ao Governo de Civil de Setúbal para entregar uma resolução ao adjunto da governadora, António Salgueiro.

A administração da Gestnave já tinha solicitado um parecer à CT sobre a dissolução. Na altura, a comissão “emitiu um parecer desfavorável”. Amanhã, a CT reúne-se com a governadora, Maria das Mercês Borges, com o objectivo de “sensibilizá-la para a necessidade de integrar os trabalhadores da Gestnave na Lisnave”. Contudo, esta empresa alega que “não tem capacidade de integração de algumas categorias profissionais”. A própria secretária de Estado “não garantiu à CT a manutenção dos postos de trabalho”.  

Contudo, a CT contraria a Lisnave e afirma que a empresa “tem necessidade destes trabalhadores”. Cerca de 3000 funcionários laboram diariamente no estaleiro e mais de metade dos funcionários “são mão-de-obra precária”. Para José Pereira esta não é solução indicada porque “a indústria naval exige profissionalismo e grande conhecimento técnico”. 

Além disso, a Lisnave “trata os trabalhadores como moeda de troca para benefício próprio”. José Pereira firma esta convicção no facto da empresa “ter exigido ao Estado contrapartidas pela integração dos trabalhadores”. Uma das exigências financeiras ”é a redução, em 50%, da renda do estaleiro”. O gabinete de imprensa da Lisnave confirma ao “Setúbal na Rede” que “há contactos entre a empresa e o Governo”, mas não adianta o teor desses contactos.

Os trabalhadores reivindicam o cumprimento do protocolo de 1997 que assegura “a minimização dos impactos da redução de funcionários nos estaleiros navais”. Nos últimos anos, a empresa “não tem admitido jovens o que contraria o mesmo protocolo”. O documento dispõe que a empresa tem de manter os 1339 postos de trabalho. Por cada pré-reforma é obrigada a contratar um jovem, “o que não acontece”.

O próprio Estado não cumpre o protocolo, pois o Fundo de Pensões não está garantido. Na conversa com Maria das Mercês Borges, os trabalhadores alertaram para o problema de não garantia das pré-reformas. José Pereira sublinha que já no ano passado o Estado “teve dificuldades nesta questão”. seta-2993260