Universidade da Terceira Idade tem projectos
para novo ano lectivo
A Universidade Setubalense da Terceira Idade (UNISETI) comemora hoje um ano e o reitor, Brissos Lino, anuncia novos projectos. Uma biblioteca, um fórum cultural e um centro de documentação “vão ter início ainda neste ano lectivo”. Durante esta tarde, os alunos assistiram a uma lição de história do professor José Hermano Saraiva. O historiador mostrou-se satisfeito porque “ensinar é um prazer” que “pôde rever depois de 15 anos de reforma”.
José Hermano Saraiva recorda aos alunos a importância da expansão marítima e as origens de Setúbal. As sardinhas, os almocreves e as salinas “foram a força e a fraqueza da cidade”. O historiador alerta para o facto destas raízes históricas terem acabado, o que “implica novas sementes”. Durante a sessão, o professor mostrou-se bem-disposto e contou as “patifarias” que fez enquanto advogado, o que arrancou gargalhadas à assistência sénior.
O reitor da universidade anuncia novos projectos como a criação de uma biblioteca, fonoteca e centro de documentação com acesso à Internet. Para Brissos Lino estes equipamentos “fazem todo o sentido” porque alguns alunos “têm livros e documentos antiquíssimos”. Outro sonho que começa a ganhar forma é a constituição de um grupo coral. “Não está nada confirmado, mas as negociações já começaram”, afiança.
Durante este ano lectivo, vai arrancar ainda o Fórum Cultural. A ideia geral “é trazer a Setúbal, uma vez por mês, uma personalidade de impacto ligada à cultura”. O trabalho vai ser desenvolvido em parceria com o Clube Setubalense e a presença do Maestro António Vitorino de Almeida “está confirmada”. O recentemente eleito Senado contribui para o fórum através do membro Mário Ventura Henriques, director do Festróia.
A aluna Maria de Lurdes Dias classificou o primeiro ano na UNISETI como “um delicioso bombom” já que lhe permitiu “combater a solidão” e alcançar “a realização pessoal”. Perante os colegas, Maria de Lurdes Dias emocionou-se e recordou as vivências “gratificantes” que “compensaram a imensa vontade que tinha de apreender”.
O professor de espanhol, Ilídio Paiva, confidencia que a experiência como docente na instituição pôs de lado “as imagens de senso comum que se têm das Universidades da Terceira Idade”. “Não são locais onde se joga à canastra e se conversa”, mas sim “fontes de aprendizagem onde é possível estabelecer “uma cumplicidade entre professores e alunos”.
O professor sublinha que esta é uma forma dos mais idosos “combaterem as frustrações”. Muitos alunos têm agora a oportunidade “de conhecer aquilo que não conseguiram em jovens”. Ilídio Paiva salienta o facto das senhoras serem mais propensas a este tipo de instituições. “As senhoras têm mais coragem para assumir que não sabem”, remata.
As comemorações prosseguem esta noite com um jantar comemorativo entre professores, alunos e familiares. Os festejos estendem-se até amanhã, à noite, com uma ida ao teatro para ver a peça “A última Jogada”, do Teatro de Animação de Setúbal (TAS). 