Ministério do Ambiente ordena
inspecção ao acidente no rio Sado
O Ministério do Ambiente ordenou um relatório “urgente” à Inspecção-geral do Ambiente (IGA) sobre o derrame de fuelóleo no rio Sado. Em comunicado enviado à redacção do “Setúbal na Rede”, o ministério garante que os técnicos da IGA já estão no local “a realizar uma acção de inspecção”, de modo a apurar “eventuais responsabilidades” do infractor. De acordo com Graça Viegas, da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), o fuelóleo derramado, ontem, no Sado, causou “impactos ambientais mínimos” na reserva natural.
Cerca de uma tonelada de fuelóleo foi derramada no rio Sado, devido a uma descarga proveniente de uma bacia de retenção da empresa Mota Pereira & Martins. O acidente ocorreu por volta das 11:30h de ontem, mas, segundo Graça Viegas a APSS “accionou o alarme por volta das 16:00h”.
A funcionária da APSS estava, a esta hora, perto do local do acidente numa “visita de rotina à área de jurisdição da Administração do Porto de Setúbal”. Nessa altura, a empresa Mota Pereira & Martins “já estava a colocar um absorvente” e a APSS “accionou, de imediato, os meios de combate ao acidente”, o que contraria as informações de que o alerta só teria sido dado por volta das 19:30h de ontem.
A APSS colocou, no local, barreiras de retenção “de forma a evitar a dissipação da mancha” que “nunca saiu daquela barreira de retenção”. O Ministério do Ambiente adianta, ainda, que “foi contratada uma empresa para proceder à estabilização da mancha, através da colocação de um produto específico para este efeito”. Ontem a mancha tinha cerca de 20 metros quadrados, mas o ministério afiança que “hoje tem quatro metros quadrados”. A APSS e os Bombeiros de Setúbal limparam a rede pluvial afectada e “hoje de manhã a empresa Mota Pereira & Martins procedeu à sucção do produto”.
O Ministério do Ambiente garante que a situação já está “controlada” e que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) de Lisboa “vai, hoje, proceder a novas colheitas de análises”, bem como à “monitorização da situação”. A CCDR está também “a conferir a licença de utilização da empresa Mota Pereira & Martins”. Estão ainda a ser feitas análises a duas amostras recolhidas pela Polícia Marítima no ponto de descarga e junto à bacia de retenção.
Acidente é “alerta” para reduzir fontes de poluição no Sado
O dirigente da associação ambientalista Quercus, Francisco Ferreira, afirma que a quantidade de fuelóleo derramado “não é muito significativa”. Além disso, “foi possível conter a mancha numa pequena baía”, por isso os impactos ambientais “são reduzidos”. No entanto, Francisco Ferreira acredita que o acidente “funciona como um alerta para a necessidade de diminuir as fontes de poluição no Estuário do Sado”.
O acidente ocorreu numa “zona de reserva natural muito sensível, do ponto de vista ambiental”, onde “todo o cuidado é pouco”. Existem grandes indústrias à beira do Sado e “a todo o momento pode acontecer um acidente”, refere. “Falhas como a que aconteceu ontem são inadmissíveis numa reserva natural”, por isso Francisco Ferreira alerta para uma “intervenção urgente” nesta matéria.
A Quercus defende que seja feito um “levantamento exaustivo” de tudo o que se passou ontem e pede um “inquérito urgente” às causas do derrame de fuelóleo. A associação ambientalista estranha, sobretudo, o “grande desfasamento de tempo” que decorreu entre o acidente e o aviso às autoridades.
O “Setúbal na Rede” aguarda ainda por uma resposta ao pedido de esclarecimentos efectuado à directora da Reserva Natural do Estuário do Sado, Madalena Sampaio.