Louçã preocupado
com falta de estratégia para Hospital de S. Bernardo
Francisco Louçã está preocupado com a “indecisão” do Ministério da Saúde (MS) e da direcção do Hospital de São Bernardo (HSA), sobre a estratégia de investimento a adoptar para aquela unidade. O dirigente bloquista garante que a situação do hospital “é inaceitável” e que a Câmara Municipal de Setúbal e a população “deviam exigir a correcção dos problemas”. Francisco Louçã reuniu, hoje, com os directores de serviço do HSB que defenderam a existência de “uma estratégia da tutela para o descrédito do hospital e do corpo clínico”.
Durante uma visita ao HSB, esta manhã, Francisco Louçã explicou que a injecção de 18,8 milhões de euros no hospital “não resolve os problemas reais”. Isto porque, ainda não há um ante-projecto “que defina onde vai ser aplicado o dinheiro e quais as prioridades do São Bernardo”. Uma opinião partilhada pelos directores clínicos daquela unidade hospitalar, que garantem não terem sido informados sobre o que vai ser feito. Os médicos opinam que a tutela e a direcção do hospital “não têm noção do que é necessário num hospital moderno”. Para os directores clínicos, a estratégia devia passar “por um regime de ambulatório e de cuidados continuados de saúde”.
A direcção do hospital informou Francisco Louçã de que uma parte dos 18, 8 milhões de euros vai ser aplicada “na compra de um aparelho de TAC e na reparação de elevadores”. Contudo, “são pequenas despesas e não investimentos de fundo”. Nesse sentido, o dirigente bloquista prometeu aos directores de serviço que vai pressionar o ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, aquando a discussão de especialidade do Orçamento para 2005.
O MS “está a provocar a degradação do HSB” e Louçã teme que “haja uma estratégia para manter o São Bernardo nos últimos lugares do ‘ranking’ dos hospitais SA”. É público que o Grupo Mello exige a privatização dos dez últimos classificados do ‘ranking’ e isso “é preocupante”. Os vários directores de serviço, que pediram anonimato aos jornalistas, também acreditam na teoria de “uma estratégia de descrédito do hospital”. O Governo “escuda-se” na má imagem criada para “legitimar o sub-financiamento”.
Durante a reunião, os directores informaram Francisco Louçã e os jornalistas de que a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) “manipulou os dados relativos a um estudo sobre a remodelação e gestão do hospital”. Por exemplo, o estudo refere uma taxa de ocupação do internamento de 60%, quando, na realidade, “ela atinge os 85%”. Esta “é uma estratégia clara para o sub-financiamento”.
Os profissionais que se reuniram com o deputado do Bloco de Esquerda argumentam que o São Bernardo “é discriminado” pela tutela. O Hospital Garcia de Orta, que é relativamente recente, recebe todos os anos “injecções de vários milhões de euros”. Por isso, quer os médicos, quer Francisco Louçã estão surpreendidos com a “passividade” da população e dos autarcas. Um director clínico refere que Setúbal “tem o hospital que merece”.