António Mexia defende que Setúbal
deve apostar na inovação e tradição
O ministro das Obras Públicas, António Mexia, defende que no distrito de Setúbal deve ser “respeitada a cultura”, mas também “se deve apostar na inovação”. Ontem o governante esteve em Setúbal onde argumentou que “as obras públicas têm de fixar objectivos e deixarem de esconder o lixo debaixo dos tapetes”. O presidente da Assembleia da República, Mota Amaral, acrescenta que “tem de haver inovação face à enorme concorrência”.
António Mexia, que esteve ligado em 1987 à vinda da Autoeuropa para Palmela, continua a gostar de ver a fábrica em transformação e salienta que gosta de “transformar desafios em oportunidades”. O ministro prefere “ligar o investimento ao capital humano”, pois é aí que está a “base do carácter da região”. António Mexia explica que “este é o carácter visível no controlo de resultados feito pela população”.
“A capacidade de gerir o capital é fundamental”, para o ministro das Obras Públicas, uma vez que “é preciso saber para que serve o dinheiro”. Em Setúbal, como a nível nacional, a estrutura rodoviária “não pode ser um esqueleto”. O governante defende que “tem de haver uma aposta decisiva na rodovia”, pois esta “é importante para o desenvolvimento sustentável”.
Mota Amaral e António Mexia concordam na relação entre inovação e tradição. Para o presidente da Assembleia da República, a “concorrência é cada vez mais exigente”, o que “obriga a melhorar as condições de competitividade”. “A melhoria passa pela integração entre tradição e inovação”, defende Mota Amaral. António Mexia, por sua vez, defende que a relação entre ambas é um “acto de inteligência, de coragem, mas sobretudo de não ir pelo caminho mais fácil”.
Para António Mexia, “a inovação permite que as gerações futuras não paguem a factura dos erros das anteriores”, e foi por isso que decidiu “acabar com as portagens gratuitas”. Assim, com a aposta na inovação é também possível conseguir-se uma “sociedade mais justa e eficiente”.
O presidente do conselho de administração da A. Silva & Silva, José Tavares da Silva, contrapõe o ministro, pois em Portugal “não existe um planeamento de obras públicas”. O administrador sublinha que “é impossível às empresas pensar no futuro”. Isto porque, “o Governo tem a atitude de pensar hoje o que vai fazer amanhã”. António Mexia discorda e garante que a Autoeuropa “foi bem planeada”, à semelhança do que está a acontecer com o projecto do TGV.
Para José Tavares da Silva, em Setúbal “há uma excessiva dependência dos grandes investimentos”. Apesar das diferenças, acredita na relação entre tradição e inovação e demonstra algumas das potencialidades do Grupo A. Silva & Silva, como a “participação em projectos locais”. O grupo “expande-se nas diversas áreas de negócio, antecipando a dinâmica regional”. Porém, Tavares da Silva admite que as potencialidades só podem ser aproveitadas “se a região for exigente para quem tem a responsabilidade de promover o desenvolvimento”.
A situação actual da Construção Civil e Obras Públicas traduz-se num “excesso de concorrência”, uma vez que “o mercado está fragmentado e com 15 ou mais concorrentes num mesmo concurso”. Na generalidade, as empresas debatem-se com graves problemas, como a “redução de actividade” ou “quebras das margens para níveis insustentáveis”, conclui Tavares da Silva.