[ Dia 17-11-2004 ] – Estudantes de Setúbal manifestam-se no Governo Civil

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Estudantes de Setúbal
manifestam-se no Governo Civil

Cerca de mil estudantes de sete escolas secundárias de Setúbal realizaram, esta manhã, uma manifestação, esta manhã, à porta do Governo Civil de Setúbal, em protesto “contra a revisão curricular e a lei de bases da educação”. Os estudantes reivindicam, ainda, a aplicação “efectiva” da lei da educação sexual e “melhores condições materiais e humanas”.

João Fernandes, da Associação de Estudantes da Escola Secundária D. João II, diz que os alunos estão “descontentes” com a revisão curricular e a lei de bases da educação. Afirma que a lei é “demasiado elitista”, uma vez que “a divisão de cursos é estanque e rígida”. João Fernandes acusa, também, o Governo, de querer “privatizar o ensino”, e, caso este objectivo seja concretizado, “os estudantes serão marginalizados”. Os exames nacionais do 6º e 9º anos, no entender de João Fernandes, “contrariam a lógica da avaliação contínua”.

“Educação sexual é um direito universal”, era uma das frases que se podiam ouvir durante a manifestação. Desta forma, os estudantes demonstram que querem a aplicação da disciplina de educação sexual nas escolas. A lei está por ser aprovada desde 1994, o que para João Fernandes é algo de “preocupante”.

Outro ponto de reivindicação baseia-se na aplicação de melhores condições materiais e humanas. De acordo com o estudante Dominik Santos, a Escola Secundária D. João II padece de alguns problemas que impedem o bom funcionamento das aulas. Por exemplo, “não existe iluminação nos quadros das salas” e os “materiais de ginástica estão danificados”. “Apesar de o pavilhão desportivo ter sido remodelado há dois anos”, coloca em risco a segurança dos estudantes e “muitos já se magoaram”

O chefe de gabinete da governadora civil do distrito de Setúbal, Carlos Gamito, em conversa com as associações de estudantes das escolas D. João II e Sebastião da Gama, tomou conhecimento dos problemas com que ambas as escolas se deparam. Carlos Gamito ficou a saber que, na Escola Sebastião da Gama, “há pouco pessoal auxiliar, o ginásio não está em condições e as oficinas não têm água”. Além disso, o acesso aos primeiros socorros para a escola, é “dificultado pelo facto de os portões se encontrarem fechados”. Na Escola D. João II, as reivindicações são idênticas.

O chefe de gabinete do Governo Civil concorda que os estudantes “devem manifestar-se”, uma vez que “são livres e estão no direito de mostrar a sua irreverência”. Os estudantes das duas escolas que conversaram com Carlos Gamito vão entregar, nos próximos dias, um documento escrito no Governo Civil, que depois seguirá para o ministério e para a Direcção Regional de Educação de Lisboa. Os estudantes, em unanimidade, garantem que vão continuar com esta luta.  seta-4295915