[ Dia 10-12-2004 ] – ASSENTO PARLAMENTAR por Daniel Arruda .

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ASSENTO PARLAMENTAR
por Daniel Arruda
(Dirigente Nacional e Distrital do Bloco de Esquerda)

A clarificação que urge fazer

Assistimos na passada Segunda Feira a mais um espectáculo cómico-grotesco da nossa política. Na semana passada passei ao de leve por cima da credibilização da nossa vida política mas devo dizer sinceramente que cada vez acho mais difícil, alguém acreditar em alguma da nossa classe política. 

A tribuna do Parlamento foi usada como palanque de comício, num total desrespeito pela instituição e com a complacência de quem em 1º lugar deveria defender a AR, Mota Amaral, que assistiu impávido e sereno à discussão, permitindo até que na casa da democracia, o Presidente da República Portuguesa fosse ofendido e desrespeitado recorrentemente.  

Mas nem tudo foi mau naquele debate, muitas mascaras caíram e se não houve debate sobre o orçamento, pelo menos ficou clara a estratégia de alguns dos partidos com representação parlamentar.   

Não vou perder tempo com “birrinhas” e amuos de quem acha que a democracia é a vontade do conselho nacional do Partido A ou B, cada um que tire as suas conclusões. O que é importante frisar neste momento é que este governo caiu porque foi incompetente, trapalhão e uma feira de vaidades pessoais. Aliás, a Postura do presidente do CDS/PP é disso exemplo. Eu fiz, eu garanti, eu sou……. Só não repete a mentira do “eu fico” usado na Câmara de Lisboa porque sabe que não fica mesmo. 

A postura do Bloco de Esquerda tem sido a de oposição consciente com um projecto para Portugal e em particular para o distrito de Setúbal. Não nos desviaremos desse projecto por um segundo que seja e nesse sentido urge desmistificar a ideia que certa esquerda e também alguma direita tem querido fazer passar que o BE vai ser a muleta do PS havendo até quem já alvitre a possibilidade de o BE fazer parte de um governo PS se este precisar.  

Que fique claro, o BE tem um projecto, tem propostas e não anda a reboque de ninguém e que estaremos na próxima legislatura com as nossas propostas, prontos para entendimentos parlamentares com os partidos de esquerda mas não para participar num Governo que não será, no que a políticas de fundo diz respeito, muito diferente dos governos do PSD. Se o partido vencedor das próximas eleições quiser falar connosco sobre a despenalização do aborto, da reforma fiscal, da negação ao tratado constitucional, da revogação do código de trabalho e muito mais cá estaremos como sempre prontos a debater e a gerar os consensos que nos pareçam melhores para o país.  

O Bloco de Esquerda espera que esta campanha seja clarificadora, que não se entre na baixa política do ataque pessoal, como as insinuações sobre os amigos na banca que Santana Lopes lançou sobre José Sócrates (verdade ou não interessa para a clarificação política necessária).

Que seja uma campanha onde se discutam ideias e projectos.  seta-9350439