Empresário brasileiro investe
14 milhões de euros em Setúbal
A região de Setúbal vai, em breve, ser alvo de um “investimento brasileiro de cerca de 14 milhões de euros na indústria dos óleos verdes”. O anúncio foi feito, ontem, pelo presidente da Associação Empresarial da Região de Setúbal (Aerset), António Capoulas, que faz um balanço “muito positivo” do Encontro de Negócios da Região de Setúbal no Ceará, que decorreu entre os dias 18 e 19 de Novembro. A Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) assinou também um “importante” protocolo com o porto do Pecém que, segundo Duarte Amândio, vai permitir a Setúbal “ser a porta de entrada dos produtos cearenses na União Europeia”.
Depois de em Maio de 2004, empresários e instituições públicas cearenses se terem deslocado a Setúbal, foi a vez de uma comitiva portuguesa viajar para Fortaleza “em busca de novos investimentos e oportunidades de negócio para o distrito de Setúbal”. A governadora civil do distrito de Setúbal, Maria das Mercês Borges, o presidente da Associação de Municípios do Distrito (AMDS), Carlos de Sousa, o presidente da Aerset e o presidente da APSS, Duarte Amândio, regressaram com a convicção de que “se abriram perspectivas de investimentos importantes para Setúbal”.
O presidente da Aerset revela que um dos investimentos “mais importantes” está “prestes a concretizar-se” e vai trazer cerca de 14 milhões de euros para Setúbal. O empresário cearense João Hudson vai apostar na produção de óleos verdes (líquido de caju e óleo de mamona, por exemplo) em Portugal e o projecto “vai ficar instalado em Sines”, revela António Capoluas. Isto porque, “existem incentivos ao investimento para o Litoral Alentejano que não podem ser desperdiçados”.
Na passada sexta-feira, foram resolvidas algumas situações que “poderiam constituir obstáculos a este negócio”. Ou seja, a Arset reuniu com as diversas entidades competentes e “já foram desbloqueadas as condições de localização e licenciamento do investimento”. “Tudo está bem encaminhado”, garante António Capoulas e adianta que “já estão marcados encontros com o investidor brasileiro, para o dia 10 de Janeiro de 2005, para acertar pormenores”.
Também na passada sexta-feira, representantes do Banco do Nordeste do Ceará estiveram em Setúbal em conversações com o Banco Espírito Santo de modo a “agilizar o sistema financeiro que acompanha o evoluir dos negócios entre as duas regiões”. Deste encontro saiu a certeza de que “já em 2005” vão ser colocados em Portugal e na União Europeia (UE), a partir do porto de Setúbal, os granitos e pedras ornamentais do Ceará e produtos alimentares.
Também se perspectivam “bons negócios” para Setúbal na área das energias renováveis, já que vai haver “troca de tecnologias”, na área da agro-indústria, para a produção de biodiesel. Vai passar a ser obrigatório em Portugal incorporar uma determinada percentagem de biodiesel no gasóleo. As empresas da região vão “tentar criar a alternativa de produção agrícola do biodiesel”, com a ajuda dos brasileiros que estão “mais tecnologicamente avançados nesta área”.
Na área da construção e das obras públicas também se perfilam grandes oportunidades no Estado do Ceará para as empresas do distrito. Este Estado brasileiro tem “muita necessidade de infra-estruturas públicas, na área do imobiliário e de construção social”, revela António Capoulas. Há a possibilidade dos empresários setubalenses se candidatarem à construção destas infra-estruturas, pois “não são colocadas restrições, nem há discriminação quanto à nacionalidade das empresas”.
O presidente da Aerset acredita que “se estes investimentos forem bem sucedidos outros acabarão por vir para Setúbal”, daí a “importância” do convénio de cooperação existente entre Setúbal e Ceará. António Capoulas reafirma que a internacionalização “é o melhor caminho a seguir pelas empresas” e que as parceiras bilaterais permitem “atacar mercados que a região de Setúbal não consegue sozinha ou que tem mais vantagens em fazê-lo em conjunto”.
Produtos cearenses entram pelo porto de Setúbal para a UE
A APSS assinou um protocolo com o porto do Pecém, no Ceará, que “é o ponto de partida para as relações comerciais entre as duas regiões”, sublinha Duarte Amândio. O objectivo do protocolo é “facilitar a logística entre as duas regiões”, em especial para diminuir as taxas entre os dois portos, disponibilizar armazenamento de cargas e linhas regulares de tráfego. Ou seja, Setúbal passa a ser a “porta de entrada” dos produtos cearenses na UE.
O responsável da APSS defende que os portos são “grandes motores de desenvolvimento das regiões”, na medida em que são o veículo de entrada e saída dos produtos. O porto do Pecém é novo e tem um “grande potencial de desenvolvimento” e por ali se pode “escoar para Portugal produtos como granitos, carne e frutas”.
O protocolo é “importante para dinamizar o comércio dos dois portos”, acredita Duarte Amândio. Além disso, há uma estratégia de “concessão de terminais de cargas a operadores privados” que “pode beneficiar as duas regiões”. Em Janeiro, virá a Setúbal uma comitiva do porto do Pecém para conhecer o porto de Setúbal e “aprofundar e concretizar negócios”.
Também o presidente da AMDS, Carlos de Sousa, acredita nos “benefícios futuros da cooperação entre as duas regiões”. A ida ao Ceará foi “muita rica” e “acompanhada de muito perto pela comunicação social local”. O autarca está “muito satisfeito”, pois “já há negócios a fervilhar entre setubalenses e brasileiros” e outros podem surgir.