Rui Dias abandona comando técnico do Amora
Rui Dias abandonou o comando técnico do Amora Futebol Clube, no passado domingo, alegando “falta de soluções organizativas”. O ex-treinador do Amora sai com “mais de dez salários em atraso” e a situação dos jogadores “também é difícil”, embora não tenham tantos salários por receber. O presidente do clube, José Mendes, desdramatiza a situação e diz apenas que o Amora “atravessa uma situação complicada, à semelhança de outros clubes no país”.
Rui Dias disse ao “Setúbal na Rede” que sempre foi “bem tratado no Amora”, quer pelos sócios, quer pela direcção. No entanto, chegou a um ponto em que constatou que o clube “não tem soluções organizativas para continuar”, a nível financeiro e de serviços administrativos. Para além das “dificuldades organizativas nos bastidores do clube”, Rui Dias sublinha o facto de ainda não ter recebido, “pelo menos, os salários referentes aos últimos dez meses”.
No caso dos jogadores, o técnico afirma que a situação “não é tão grave”, pois “têm menos ordenados em atraso”. Porém, a crise reflecte-se em outras coisas básicas, mas “muito necessárias para o funcionamento de um clube de futebol”. Por exemplo, os atletas “não têm fatos de treino” e há apenas uma ou duas bolas para treinar. Além disso, “há pouco pessoal para acompanhar os treinos”, e, no caso de um massagista estar de férias – o que está a acontecer nesta altura – “só pode haver três treinos semanais”.
Para o técnico não está em causa o clube, os sócios e as pessoas que nele trabalham, pois sempre foi bem tratado e sai “com o Amora no coração”. No entanto, há dificuldades que não podem ser superadas e que acontecem “numa altura em que a equipa está a subir de rendimento e a melhorar os resultados”.
O próprio presidente do clube reconhece o “trabalho extraordinário” desempenhado por Rui Dias no Amora, pois sempre mostrou “grande carácter nos momentos mais difíceis”. Mas reconhece que o técnico deve ter chegado a um ponto em que “sentiu que não tinha mais condições” para liderar o comando técnico.
Quanto à situação financeira, José Mendes diz apenas que “todos os clubes passam por momentos difíceis”. “O Amora está a realizar um grande esforço de recuperação”, desde que José Mendes assumiu a direcção há cinco anos, e “não é por as pessoas saírem que este caminho não vai prosseguir”. O responsável admite que “há salários em atraso”, mas os problemas “vão muito para além disso”, já que se trata de um clube amador.
Quando não há dinheiro “há sempre coisas que faltam”, mas o clube “segue em frente e tem cumprido as suas obrigações”. Sublinha ainda que apesar de os fundamentos do ex-técnico serem reais, a situação financeira do clube “não difere muito de quando Rui Dias entrou para o comando técnico”.
O presidente do Amora aponta ainda o dedo à Câmara Municipal do Seixal que “tem uma grande dívida ao clube”. José Mendes afirma ter estado ontem na autarquia a fim de falar com o presidente da câmara, mas “continua tudo na mesma”. Ou seja, a câmara prometeu apoios ao clube, mas há cerca de três que “nada recebe”. Para fazer face ao actual momento difícil, o presidente do clube apela à “compreensão e apoio das entidades políticas”, porque o Amora “está num bom momento desportivo” e tem condições para se manter na II Divisão B Zona Sul.
O “Setúbal na Rede” aguarda ainda por uma resposta ao pedido de declarações efectuado à Câmara Municipal do Seixal.