Carlos de Sousa promete “oposição cerrada”
à co-incineração
O presidente da Câmara Municipal de Setúbal (CMS), Carlos de Sousa, garante que vai fazer “oposição cerrada” à co-incineração, na cimenteira do Outão. O autarca mostra-se “revoltado” com a intenção de José Sócrates de voltar ao processo de queima de resíduos perigosos, na Arrábida e em Souselas, caso o PS vença as eleições legislativas.
Carlos de Sousa conta ao “Setúbal na Rede” que sentiu “um misto de estupefacção e de revolta” quando ouviu o anúncio do secretário-geral do PS. O fantasma da co-incineração volta a pairar sobre a Arrábida “quando se pensava que este processo estava definitivamente encerrado”. Por isso, considera que o anúncio do anterior ministro do Ambiente do Governo de António Guterres é “surpreendente”, quando a evolução científica “já aponta outros caminhos mais adequados e actualizados”.
Por outro lado, voltar a falar-se de uma “medida completamente louca” é um “grande desrespeito pelos sentimentos da população setubalense”, que “sempre se bateu contra o avanço do processo”. O anúncio de Socrátes surge numa altura em que se prepara a candidatura da Serra da Arrábida a Património da Humanidade, da UNESCO. Se os incêndios deste Verão foram “devastadores” para a vegetação da serra, o anúncio do regresso da co-incineração pode “complicar ainda mais a candidatura”.
Além disso, o distrito de Setúbal vai ser alvo de um grande investimento a nível turístico, em Tróia, e “não é muito tentador para um turista deparar-se com uma cimenteira onde se queimam lixos tóxicos”. “Os ventos dominantes nesta zona são no sentido Norte-Sul”, sublinha, e, assim, poderem levar fumos tóxicos para Tróia. Deste modo, a co-incineração na cimenteira da Secil poderá ser, também, “muito prejudicial para o turismo do concelho e do distrito”.
Por isso, o presidente da CMS garante que lutará contra a queima de resíduos perigosos no Outão, caso o PS vença as eleições de 20 de Fevereiro. “Não é só o autarca, mas também o cidadão Carlos de Sousa que embarcam nesta luta”, garante, para a qual espera contar com “todo o apoio da população de Setúbal”.
Também o vereador do PSD na CMS, Duarte Machado, considera “inusitada” a insistência do PS na co-incineração. Quando o PSD formou Governo abandonou o processo, precisamente iniciado por Sócrates, e optou pelo sistema dos Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos (CIRVER). A queima de resíduos perigosos nas cimenteiras é um processo “antiquado” e o seu regresso “não faz qualquer sentido”.
Para Duarte Machado, o secretário-geral do PS “não analisou bem esta matéria, nem teve em conta os avanços científicos”, quando anunciou o regresso a um processo que já estava definitivamente abandonado. “Já nem as próprias cimenteiras estão interessadas no processo”, pelo que considera que Sócrates está “a seguir um caminho que pode complicar a sua batalha eleitoral”.
O “Setúbal na Rede” contactou o administrador da Secil, Carlos Abreu, para tentar apurar se a cimenteira está disposta a receber a co-incineração, caso o PS vença as eleições. No entanto, foi-nos dito que a administração da Secil “não faz quaisquer comentários a este assunto”.