está “desactualizado” cientificamente
A Quercus garante que o sistema dos Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos (CIRVER), avançado pelo Governo PSD, “é uma alternativa melhor do que a co-incineração”. Depois de José Sócrates anunciar ao país que, caso seja eleito nas próximas legislativas, vai avançar com a co-incineração, a Quercus garante que o secretário-geral “está desactualizado cientificamente”. O presidente do Movimento de Cidadãos pela Arrábida, João Bárbara, adianta que o anúncio é apenas “uma jogada política para mostrar firmeza”. Caso seja necessário, os cidadãos de Setúbal “estão dispostos a voltar à luta”.
O responsável pelo Centro de Informação de Resíduos da Quercus, Rui Berkemeir, afirma que José Sócrates “está desactualizado em relação aos avanços tecnológicos na matéria” e “é precipitado do ponto de vista técnico”. Assim, “corre o risco de cair num erro antigo”. Actualmente, está em curso um investimento de meio milhão de contos e estão constituídos oito consórcios para avançar com os CIRVER, “uma solução integrada que resolve 90% dos resíduos perigosos”. Enquanto que a co-incineração “só consegue eliminar 16 mil toneladas das 250 mil toneladas” que existem em Portugal.
O actual ministro do Ambiente, Nobre Guedes, critica o secretário-geral do PS precisamente neste ponto já que “os CIRVER são uma solução unanimemente aceite, estão em fase final e constituem uma alternativa à co-incineração”. Nobre Guedes acusa o líder do PS de “capricho e menor responsabilidade” ao insistir na solução da co-incineração, depois de ter conduzido o processo com “inépcia política”. “José Sócrates está completamente isolado no mundo científico”, garante.
Rui Berkmeir explica que, além disso, a co-incineração não contempla a regeneração de óleos e solventes nem o tratamento de resíduos químicos. Por isso, o ambientalista defende que “o que está bem feito não deve ser deitado fora” e que a aposta futura “deve continuar a ser nos CIRVER”. Trata-se de um processo comprovado a nível mundial e que não tem a agravante, como a co-incineração, de ser um sistema de queima. Contudo, o secretário-geral do PS não exclui a complementaridade dos dois sistemas, até porque “os restantes 10% que os CIRVER não conseguem tratar teriam de ser enviados para queima no estrangeiro”.
O Partido “Os Verdes” acredita que “O PS começa mal” e que se está a esquecer “da oposição total dos ambientalistas e de uma boa parte da comunidade científica”. Os Verdes acreditam que o país está perante um caso de “memória curta” e que os socialistas estão a demonstram que “não sabem fazer leituras do passado”. Esta força política também defende a opção pelos CIRVER, ainda que estes necessitem se ser sujeitos “à realização de estudos de impacte ambiental”.
O secretário-geral do PS bateu-se sempre pela co-incineração, inclusive contra o seu próprio partido. A Arrábida era uma das três localizações escolhidas para instalar o sistema, mas o movimento social esteve sempre contra a instalação. Para João Bárbara, José Sócrates “reabilita uma ideia peregrina” apenas para “mostrar firmeza política e capacidade de decisão”, por oposição “à fama de moles” de António Guterres e Ferro Rodrigues. O activista garante que Setúbal “vai reabilitar o movimento contra a co-incineração”.