Museu Industrial do Barreiro
reúne espólio da antiga CUF
O Museu Industrial do Barreiro (MIB) está finalmente aberto a todos os barreirenses. O presidente do conselho de administração da Quimiparque, José Neto, garante que o MIB “é uma oportunidade para iniciar uma viagem fascinante pela história da indústria nacional”. O presidente da autarquia, Emídio Xavier, recorda “um passado do qual se deve ter orgulho” até porque “o museu é pequeno para tantas memórias”. Durante a inauguração oficial, ontem, a comunidade pode visitar a antiga central diesel de 1935, que hoje é a casa que guarda o espólio da CUF.
Durante a “viagem” pela história que o MIB permite, os visitantes podem observar, por exemplo, o primeiro livro de registos de análises químicas da antiga CUF, datado de 1909. O espólio actual é “um testemunho fundamental” do que foi feito de “mais decisivo” na indústria portuguesa, salienta João Neto. A Quimiparque, empresa que gere as actividades económicas nos territórios da CUF, embarca neste projecto porque “tem a responsabilidade, para com a comunidade, de guardar com devoção alguns marcos decisivos da actividade económica da região”.
Num discurso emocionado, o presidente da autarquia relembra os tempos da infância quando o fumo das chaminés “era bonito de se ver”. O Barreiro “foi uma alavanca de desenvolvimento” e “conta com uma grande tradição industrial”, pois até as naus foram construídas no concelho. Ainda assim, Emídio Xavier relembra alguns aspectos que se perderam, com “a actividade dos corticeiros”. No MIB, fica por representar ainda muita coisa como a assistência médica e o Hospital da CUF. Trata-se de espólio que ainda está a ser recuperado.
Para não se perder mais nada, Emídio Xavier defende que “o ano novo deve ser símbolo de projectos também novos”. Por isso, quer ver, num futuro próximo, “a garantia de que outras memórias da cidade também perduram”. Figuras como Augusto Cabrita, Manuel Cabana e Cabeça Padrão, ou instituições com história no concelho como a CP “deveriam ser recordadas também em museus”.
José Neto aproveita a inauguração para enaltecer a entrada da Quimiparque em outras áreas de negócio, como “a oferta de bens culturais a partir de um vasto património museológico”, ou o mercado da promoção imobiliária “para abrir a Quimiparque à cidade”.
Quando no passado mês de Março, o MIB abriu as portas às escolas, foi possível observar que os candeeiros, o tecto de madeira, a estrutura metálica, os vidros e os azulejos são os originais. O gerador eléctrico e os depósitos diesel também. Para recriar o aspecto do antigo gerador, foram consultadas as notas de encomenda da fábrica alemã MAN. Na altura o responsável pelo museu, Sardinha Pereira, referiu que o MIB pretendia ser “o museu industrial mais importante do país”.
O Barreiro também primou pela actividade têxtil, por isso é possível consultar o circuito da juta. Trata-se de uma fibra têxtil, proveniente do Oriente, “que servia para fazer os tecidos dos sacos de adubo. As máquinas relacionadas com a fiação e com a tecelagem da juta foram restauradas. No pólo laboratorial, os visitantes podem ficar a conhecer os utensílios de controlo químico, por exemplo, “das fábricas de ácido sulfúrico, de ácido clorídrico e de adubos que existiam na CUF”.
A cidade do Barreiro não foi esquecida pois é possível observar fotografias antigas de algumas avenidas e bairros mais emblemáticos, a par da evolução das fábricas. Para organizar esta secção, a Câmara Municipal do Barreiro (CMB) cedeu técnicos municipais que ajudaram a organizar o espólio e o acervo documental e iconográfico. O MIB começou a ser recuperado em 1999, com base num projecto do arquitecto Varandas Monteiro, autor do projecto do Museu da Água.