[ Dia 20-12-2004 ] – Mitrena “não foi equacionada” no plano de risco sísmico.

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Mitrena “não foi equacionada”
no plano de risco sísmico

O plano de risco sísmico para Setúbal, apresentado hoje pela Protecção Civil Municipal, “não contempla a Mitrena”, afirma o coordenador do Serviço Municipal de Protecção Civil, José Luís Bucho. No plano de risco sísmico, José Luís Bucho, garante que, para além da Mitrena, também “não foram equacionadas as redes de águas e esgotos, nem as redes de gás”. O responsável afirma que “foi pedido à equipa para se fazer o levantamento das condições da Mitrena, porém, esta entendeu que tal não se justificava”.

O Plano de Risco Sísmico, realizado de acordo com o Census91, que está previsto estar completo em Outubro de 2005, vai “considerar localizações de realojados, a activação de serviços que possam ser danificados, abastecimento de combustível, de águas, em suma, ver o que pode vir a ser afectado”, afirma o comandante da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, Mário Macedo. O responsável acrescenta que “os valores que Setúbal pode vir a sentir registam-se em 6, 7 e 8 graus de magnitude”.

O coordenador do Serviço Municipal de Protecção Civil garante que este estudo é um trabalho a nível municipal e a nível da Área Metropolitana de Lisboa (AML). “O municipal é autónomo”, refere, mas a nível da área Metropolitana de Lisboa “a protecção civil está dependente do avanço maior ou menor de todos os municípios que concorrem”.

A AML tem “várias falhas sísmicas que podem vir a influenciar Setúbal”, garante Mário Macedo, e destaca a falha do Vale do Tejo, que segue pelo estuário do Tejo, com uma magnitude prevista de 7 graus na escala de Richter, a falha de Benavente, com uma magnitude prevista de 6, a falha do Pinhal Novo, com 40 quilómetros, que pode provocar sismos com 6,9 na escala de Richter, e ainda a falha da ribeira de Coina, com 13 quilómetros, que pode provocar sismos com 6,4 na mesma escala. 

Prevê-se que na ocorrência de um grande sismo, com magnitude de 7 graus no epicentro e 9 na escala de Mercalli, “afecte a zona mais antiga de Setúbal, onde se situa a Câmara Municipal de Setúbal”. Tendo em conta estes dados e fazendo uma simulação, Setúbal “vai ter cerca de 250 edifícios danificados e 16 mortos por cada uma das freguesias”, salienta Mário Macedo.

O objectivo da Protecção Civil é que “cada departamento da câmara e dos outros serviços públicos criem serviços de emergência com centros de prontidão”. Assim, perante esta situação, “vai ter que haver centros de serviços de emergência para a protecção civil saber onde pode actuar”, uma vez que “a protecção civil está antes e depois da actividade dos bombeiros”, refere José Luís Bucho.

Mário Macedo relembra que a apresentação do plano de risco sísmico “não é para propagar nem incentivar o pânico”. Porém, “também não se deve recorrer ao método da avestruz”, e alerta que “é provável que nos próximos 50 anos Setúbal seja afectado por um sismo significativo”. A prevenção dos efeitos passa pelo “ordenamento de território”, que ainda vai levar várias dezenas de anos a se concretizar. Isto porque, “ainda há muito trabalho a fazer, assim como há necessidade de fazer a devida preparação para o que vai acontecer”, conclui. seta-7865052