Balanço do Ano 2004
Desemprego é maior flagelo social do distrito
O presidente da Caritas Diocesana de Setúbal, Eugénio Fonseca diz que o desemprego voltou a ser, em 2004, “o problema mais preocupante no distrito”. A continuação da crise económica e a instabilidade política “tiveram consequências muito negativas em Setúbal”. No entanto, a “boa parceria e articulação entre instituições”, na ajuda às populações, “minimizou um pouco os efeitos da crise”.
Eugénio Fonseca defende que este ano “não se sentiram os anunciados sinais de retoma económica”, e as famílias do distrito continuaram “com muitos problemas sociais”. O desemprego é “o maior flagelo” no distrito, sublinha, o que se reflecte em “poucos recursos para as famílias fazerem face à sua sobrevivência”.
O responsável da Caritas lembra que, há 20 anos, “a grande preocupação eram os desempregados de longa duração”. Hoje, a situação inverteu-se e as preocupações viraram-se para os jovens à procura do primeiro emprego. “Há muitos jovens qualificados, com licenciaturas e que não têm trabalho”, pois não há oferta correspondente no mercado.
São estes problemas que, “muitas vezes, levam os jovens a entrarem no mundo das drogas”. No entender de Eugénio Fonseca, “a droga mais devastadora passou a ser o álcool”, pois “é cada vez mais consumido por ser de mais fácil acesso”. Tudo isto, provoca uma “desorientação nos projectos de vida dos jovens” e torna-se “muito difícil o caminho de volta”.
No entanto, não tem dúvidas em afirmar que as instituições de solidariedade social estiveram “mais atentas e articuladas”. Por isso, “não se fez sentir a conflitualidade e perturbações sociais de outros tempos”. No entanto, há problemas que, pela sua complexidade, “não podem ter uma resposta imediata”.
Eugénio Fonseca refere que “foram muitas as pessoas que chegaram à Caritas a pedir ajuda”, este ano. A chamada pobreza “endémica” continua a acentuar-se, no distrito, por isso houve “uma maior procura de apoio”. A Caritas ajuda naquilo que pode, mas problemas como a falta de habitação ou habitação degradada são constantes, mas “impossíveis de resolver prontamente pela instituição”.
A juntar-se à crise económica, também a instabilidade política, com a entrada e saída de novo Governo e posterior dissolução da Assembleia da República, teve “incidências negativas em Setúbal”. Em 2005, o povo “é chamado a demonstrar a sua dimensão cívica” para escolher o futuro do país. Este ano, aquando da realização do Euro 2004, os portugueses demonstraram a sua dimensão patriótica, e agora devem fazer o mesmo e votar.
“A população não pode cruzar os braços”, refere Eugénio Fonseca, pois Portugal “tem potencialidades e gente válida para trabalhar por um futuro melhor”. Em 2005, o responsável da Caritas espera que a retoma económica aconteça e que seja um “ano próspero”. Espera ainda que as pessoas “abandonem o inconformismo” em que vivem e que “passe a depressão colectiva”.