Balanço do ano 2004
O distrito perde “muito” com
a dissolução da Assembleia da República
A instabilidade política gerada após a saída de Durão Barroso para Bruxelas “prejudica o distrito de Setúbal em particular”. O vice-presidente da Comissão Política Concelhia do CDS-PP, João Titta Maurício, explica que o Governo estava a desenvolver “uma boa estratégia para trazer o investimento estrangeiro” que, agora, “está interrompida”. Jorge Sampaio “foi mais o presidente de todos os socialistas, do que o presidente de todos os portugueses”, argumenta. O presidente do Comissão Política Distrital do PSD, Luís Rodrigues, acrescenta que a luta ao desemprego “estava a ter efeitos reais”.
Titta Maurício sublinha que o Governo PSD estava a apostar, desde o tempo de Durão Barroso, na chamada Democracia Económica, “para trazer o investimento estrangeiro para Setúbal”. Com a dissolução da Assembleia da República, as negociações “foram suspensas”. Situação que “se reflecte igualmente na luta ao desemprego”. Luís Rodrigues garante que “o desemprego homólogo é negativo até em Alcácer do Sal”. Para além do “excelente” desempenho de Setúbal na arrecadação de impostos.
O distrito enfrenta também a sombra da co-incineração, como refere Titta Maurício, projecto que o Executivo tinha substituído pelos Centros Integrados de Recuperação e Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos (CIRVER), “uma alternativa melhor”.
O distrito “perdeu ainda capacidade de reivindicação junto dos órgãos de decisão nacionais”. No último Governo, o distrito tinha dois ministros, Fernando Negrão e Nobre Guedes. Além disso, o PS e o CDS foram sempre “muito reivindicativos” no PIDDAC. O cenário económico era de grave crise e dificuldades orçamentais. “Não é ao fim de quatro meses que problemas deste se resolvem”, explica o vice-presidente.
Quanto às contradições entre os ministros do Executivo, Titta Maurício defende que “não houve qualquer choque de ideias” entre Santana Lopes, Bagão Félix e Álvaro Barreto. O primeiro-ministro afirmou a intenção de baixar o IRS aos rendimentos mais baixos, o que “não entra em conflito” com a contenção exigida por Bagão Félix porque a taxa “foi aumentada para os rendimentos altos”. “Foi um reajuste de receitas”, o que vai ao encontro da vontade do ministro das Actividades Económicas, Álvaro Barreto. Isto porque, “o IRC poderia beneficiar desse ajuste e dar um novo fôlego às empresas”.
Os ‘fait-divers’ “tomaram conta da vida política”, em 2004. O caso Marcelo Rebelo de Sousa foi “paradigmático” porque ficou provado que um comentador televisivo pode dizer o que quer, mas “um ministro não, mesmo quando sofre pressões”. Jorge Sampaio “deixou-se levar pela democracia das sondagens”. Por isso, Titta Maurício espera que o próximo presidente eleito seja “mais razoável na interpretação dos seus deveres e direitos presidenciais”. Luís Rodrigues acrescenta que a atitude de Jorge Sampaio foi uma tentativa de entregar o poder ao Partido Socialista.
O responsável do PSD só lamenta não ter levado a bom porto “a recuperação do Santuário do Cabo Espichel”. Paralelamente, os sociais-democratas arrancaram “com o Metro do Sul do Tejo, com o projecto turístico de Tróia e com o Convento de Jesus”.