Caracterização Macro-económica
da Península de Setúbal
A produção gerada na Península de Setúbal (PS) no período de 1988 a 1997 representou em média 5.7% da produção do Continente, 12.8% da produção de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), 15.2% da produção da Área Metropolitana de Lisboa (AML) e 18% da produção da Grande Lisboa (GL).
A estimativa para a população residente na PS era de cerca de 669 mil habitantes em 1998, ou seja, cerca de 7% da população residente no Continente, 20% da população residente na RLVT, 27% na AML, e 37% na Grande Lisboa.
Existe uma grande volatilidade nas taxas de crescimento do PIB na PS em relação às outras regiões. As taxas de crescimento na PS variam de um mínimo de -3.1% (em 1993) a um máximo de 9.3% em 1995. Em relação ao Continente é de destacar que a partir de 1991, a PS só em 1995 apresentou taxas de crescimento superiores, e que nos dois últimos anos com dados disponíveis (1996 e 1997), as taxas de crescimento foram iguais.
O PIB per capita é quase metade do da região da Grande Lisboa, e situa-se quase 20 pontos percentuais abaixo da média do Continente.
Em relação ao emprego, estima-se que em 1997 estivessem 229 mil pessoas empregadas na PS, ou seja, 5.3% do emprego no Continente (14.4% do emprego na RLVT, 18.2% na AML e 22.2% na GL).
Quanto à taxa de desemprego, ela é bastante superior na PS em relação às outras regiões (mais cerca de 4.3 pontos percentuais em relação ao Continente, e cerca de 3 pontos em relação à RLVT). Em média, a taxa de desemprego na PS situou-se nos 10.5% no período1988-97, com um mínimo de 8% em 1992, e um máximo de 12% em 1995.
Quanto à produtividade, a PS apresenta sistematicamente valores superiores (em média 10 pontos percentuais) aos do Continente, e sistematicamente valores inferiores (também em média 12 pontos percentuais) aos da RLVT, embora em relação a esta última, e nos últimos anos do período, essa diferença se tenha reduzido para 8 pontos percentuais.
Dado não haver dados para a taxa de inflação na Península de Setúbal, esta foi aproximada pela taxa de inflação observada na região de Lisboa e Vale do Tejo. Na globalidade do período, há alguma tendência para a taxa de inflação na RLVT ser mais elevada do que no Continente, mas os anos mais recentes põem em causa esta conclusão. Por exemplo em 1999, à semelhança do que já tinha acontecido em 1996, a taxa de inflação no Continente foi mesmo superior à verificada na RLVT. De qualquer modo, com taxas de inflação da ordem dos 2%, não é de esperar grandes desvios entre regiões.
A taxa de actividade na PS mantém-se consistentemente abaixo das verificadas nas outras regiões, e em 1997 situava-se quase 11 pontos percentuais abaixo da verificada no Continente, e 13.5 pontos abaixo da observada na RLVT.
Embora os números possam divergir segundo a fonte, é robusta a conclusão de que os ganhos médios mensais são maiores na PS do que no Continente, embora significativamente inferiores à média verificada na RLVT.
O índice de poder de compra per capita do INE (considerando a base 100 para Portugal), e relativamente aos anos de 1993, 1995 e 1997, revela que o poder de compra na PS tem vindo a aumentar continuamente. De um índice de 106 em 1993, passou para 111 em 1997. Está no entanto cerca de 30 pontos percentuais abaixo dos verificados na RLVT, e a mais de 70 da região da Grande Lisboa.
Constata-se que existe uma grande variabilidade do esforço de investimento da Administração Central na PS, que atinge um mínimo de 1.7% em relação ao total do PIDDAC em 1990, e um máximo de 12.3% em 1992. De 1996 a 1998 assistiu-se a um aumento sustentado do investimento na PS, atingindo-se os 5.7% em 1998, que se aproxima da média verificada para todo o período (5.8%).
Quanto ao investimento directo estrangeiro na PS, os dados disponíveis para o período 1996-99 mostram, por um lado a grande volatilidade desse investimento, e por outro a grande dependência do investimento na Auto-Europa em Palmela. Em 1999 o investimento na Auto-Europa representou mais de 1/5 do investimento estrangeiro total em Portugal.
A PS exporta entre 14 a 16% do total das exportações portuguesas, e entre 16 a 18% das exportações portuguesas intracomunitárias. Estes valores representam cerca de 40% do total das exportações realizadas pela região de Lisboa e Vale do Tejo.
As importações realizadas pela PS representam uma parcela diminuta das importações nacionais (entre 7 a 8%), principalmente se comparada com a RLVT, que apresenta valores entre os 62 e os 64%.
Em jeito de resumo e de conclusão geral deste capítulo, pode ser afirmado que a Península de Setúbal é uma região com fortes possibilidades de crescimento, já que é uma zona de atracção populacional; possui uma mão-de-obra relativamente abundante e com uma taxa de actividade ainda baixa em relação ao resto do País; a sua produtividade, os ganhos e o poder de compra, embora superiores aos do Continente têm ainda uma grande margem de progressão para se aproximarem dos valores obtidos na região mais vasta em que se integra – a região de Lisboa e Vale do Tejo; é um pólo de atracção do investimento estrangeiro e é uma região exportadora. Como principais debilidades apresenta taxas de desemprego elevadas, baixo produto per capita, uma economia ainda bastante vulnerável às recessões e com insuficiente capacidade de desenvolvimento endógeno.