[ Setúbal na Rede ] – PEDEPES – Sectores Económicos

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Ao longo do período 1988-1997, a Península de Setúbal registou um diferencial negativo em relação ao nível médio de vida do continente, medido pelo PIB per capita; a decomposição do PIB per capita em termos de produtividade e de nível de utilização de recursos humanos permite constatar que a Península de Setúbal apresenta níveis de produtividade superiores à média nacional, registando um diferencial negativo em termos da taxa de utilização de recursos humanos (demonstrando uma tendência de redução dessa mesma utilização relativa e uma melhoria relativa no índice de produtividade).

Em termos de caracterização da especialização produtiva, verifica-se que a região apresenta uma base de actividades diversificada, registando uma sobreespecialização em diversos grupos de actividades, tais como comércio, construção, turismo, serviços às empresas e outros serviços, evidenciando, por outro lado, uma subespecialização na indústria e nos serviços financeiros.

A estrutura de diversificação da Península de Setúbal encontra-se próxima da estrutura produtiva do continente, quer seja considerando como variável os recursos humanos ao serviço, quer tomando em conta os estabelecimentos.

A Península de Setúbal caracteriza-se por ser uma região onde se desenvolve, a par de uma agricultura minifundiária ribeirinha, uma agricultura caracterizada por explorações de média e grande dimensão com uma orientação predominantemente agro-silvo-pastoril; a elevada dimensão das explorações agrícolas no interior da Península de Setúbal, associada ao tipo de culturas que aí se praticam, envolvendo um menor recurso a mão de obra, parece estar na base das elevadas produtividades agrícolas.

Em termos de grupos de actividades de especialização mais significativa da Península de Setúbal ao nível da indústria transformadora, é de destacar a importância da fabricação de equipamento eléctrico e de material de transporte, as indústrias metalúrgicas de base e de produtos metálicos, a fabricação de pasta, papel, cartão e seus artigos, a fabricação de produtos químicos e as indústrias de madeira e cortiça e suas obras.

Tendo por base uma análise da especialização industrial por grupos de indústrias, segundo os factores chave de competitividade, observa-se que o perfil de especialização da Península de Setúbal organiza-se em torno da exploração de economias de escala e do esforço de diferenciação do produto, em contraste com o que se passa no continente, no seu conjunto, onde as vantagens competitivas de curto prazo associadas à exploração dos baixos custos do trabalho e, secundariamente, ao acesso a recursos naturais revelam-se mais importantes.

Regista-se, entre 1986 e 1997, uma tendência crescente para a homogeneização da estrutura empresarial da Península de Setúbal, relativamente ao resto do país, sobretudo ao nível das PME e grandes empresas, numa estrutura que se mantém, no essencial, microempresarial; a concentração empresarial inter-concelhos diminui: Almada e Setúbal são os concelhos mais dinâmicos da região, Seixal é o concelho com maior expansão microempresarial, enquanto Palmela concentra o maior número de grandes empresas.

Em 1986, o comércio, a indústria e o alojamento e restauração são as actividades a que se dedicam um maior número de empresas; entre 1986 e 1997, a indústria perde peso na região (a ela correspondem 20% das empresas encerradas e apenas 11% das novas empresas); os serviços prestados às empresas, pelo contrário, são a actividade em maior expansão: representam 17% dos postos de trabalho criados na região (e apenas 4% dos postos de trabalho encerrados).

A estrutura dimensional das empresas novas e encerradas reflecte, por um lado, a estrutura já existente (onde predominam as microempresas) e, ao mesmo tempo, a dinâmica sectorial: o encerramento de empresas concentra-se no sector industrial e a criação de empresas no sector terciário.

A dinâmica de investimento da região, quando analisada pelo número de empresas que, tendo sido apoiadas por um sistema de incentivos entre 1994 e 1997, se mantêm em actividade até 1997, permite concluir que a taxa de sucesso empresarial da Península de Setúbal é menor comparativamente com a do resto do país; o incentivo total e investimento elegível por estabelecimento são, claramente, superiores aos do resto do país, indiciando uma dimensão média dos projectos mais elevada.

Na região da Península de Setúbal, detecta-se algum grau de concentração nas suas indústrias mais representativas, sobretudo na fabricação de equipamentos e aparelhos de rádio, televisão e comunicação, na fabricação de veículos automóveis, reboques e semi-reboques, nas indústrias metalúrgicas de base e na fabricação de outro material de transporte.

No que diz respeito à eficácia produtiva, a Península de Setúbal ultrapassa a média nacional em termos de produtividade dos materiais e produtividade aparente do capital, registando, ainda, um elevado grau de transformação da produção, isto é, acrescenta, em média, mais valor por unidade produzida do que o continente.

A região da Península de Setúbal regista uma orientação exportadora mais elevada do que o continente.

A região da Península de Setúbal apresenta níveis de autonomia financeira e estruturas de endividamento das empresas mais favoráveis do que o continente, registando um valor mais baixo em termos de cobertura do imobilizado; de referir que a Península de Setúbal apresenta quer em termos de rendibilidade bruta das vendas, quer em termos de rendibilidade diferencial, valores superiores ao espaço continental.