A Península de Setúbal sofreu ao longo dos últimos 40 anos uma industrialização baseada numa lógica de processos trabalho-intensivos e orientada para produtos standard. Essa lógica começou a ser contrariada desde meados dos anos 80, sendo hoje possível encontrar alguns esforços notáveis de diversificação para activitidades de maior conteudo tecnológico e de potencial inovador. No nosso diagnóstico encontramos um conjunto de “cachos” de competitividade potenciais que parecem estar a contribuir para essa diversificação, a saber: a cadeia automóvel organizada em torno da Autoeuropa; os serviços às a empresas na área da logística e transportes; potenciais novos nichos de inovação tecnológica na reparação naval; electrónica de defesa e equipamentos de telecomunicações, fruto da longa evolução do grupo Centrel na PS; actividades em redor da vitivinicultura; actividades no âmbito da aqualcultura; turismo e lazer; e madeira e cortiça. Para a promoção destas actividades e plena realização do potencial de inovação tecnológica, há que reforçar competências tecnológicas próprias bem como as ligações com centros de conhecimento, universidades, centros e institutos de de apoio tecnológico, etc., quer estes se situem na PS, na Área Metropolitana de Lisboa ou mesmo em outros Países e sobretudo em áreas como a : electrónica e equipamentos, engenharia de software, engenharia mecânica, biotecnologia (aquacultura e vitivinicultura), engenharia de produção industrial e naval e ciências dos materiais. No domínio dos apoios que a PS pode encontrar nas infraestruturas locais e nas que se localizam na área metropolitana de Lisboa, considerámos em primeiro lugar as actividades de Investigação e Desenvolvimento – I&D. A região tem um aparente défice de recursos em C&T (reduzido peso na RLVT). Aparente porque apesar de grande parte desses recursos humanos em qualquer sector se localizarem essencialmente na AML, eles provavelmente benefeciam também a região de Setúbal. Por outro lado, a nível local, a PS tem uma especialização científica e tecnológica nas áreas das Ciências Exactas e Naturais. Será de admitir uma tendência para o crescimento do número de doutorados na região (sobretudo pela “importação” de doutorados da AML) que só poderá ser sustentada se também se criarem condições na PS para se realizarem mais actividades de I&D, não necessáriamente apenas no contexto universitário e nas áreas já existentes, mas sobretudo em áreas de conhecimento que possam servir de suporte à competitividade tecnológica nas áreas de maior potencial atrás apontadas. O diagnóstico aponta portanto para a necessidade de se ter em atenção a criação dessas condições, por exemplo através de mecanismos que promovam a deslocalização de infraestruturas tecnológicas, sobretudo as do sector público da AML para a PS. |
Em segundo lugar parece necessário aumentar as actividades de apoio a projectos/serviços de curta duração para estudos de viabilidade e resolução de problemas técnicos orientados para as necessidades das empresas. Isto é: há que aumentar a diversidade de apoios não em I&D mas sim em áreas de aplicação mais próximas do mercado. Contudo isso requer a existência de interfaces especializadas com as entidades que executam I&D, essencialmente as Universidades, Politécnicos e Instituições privadas sem fins lucrativos da PS e da Área Metropolitana de Lisboa. Refira-se ainda que, no domínio das actividades de normalização, acreditação, certificação, metrologia e calibração a PS, deve igualmente ser reforçada.
Em terceiro lugar as actividades de “incubação” de novas empresas enquanto mecanismo de transferência de tecnologia necessitam de maior entrosamento entre as várias entidades intervenientes nomeadamente os centros de inovação, os parques de Ciência e Tecnologia e os potenciais investidores. Em quarto lugar as actividades de difusão de informação devem continuar a ser apoiadas através do importante papel que as associações empresariais da região têm vindo a desempenhar.
Finalmente no domínio do financiamento da inovação a região necessita reforçar os financiamentos a projectos start-up. Também a re-estruturação de algumas grandes empresas da região, requer novos financiamentos e apoios consultoria a processos locais e “Outsourcing” e “Outplacement”, que promovam a cisão de grandes empresas em negócios autónomos e independentes mas de menor dimensão.