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“A Voz Humana” de Jean Cocteau

A Voz Humana de Jean Cocteau é, uma reflexão sobre a linguagem e consciência da morte.

É perante a morte, que a linguagem se revela como instrumento ao serviço do desejo.

“A Voz Humana” é a morte de uma relação. A morte de um sujeito. A peça é um cruel sacrificio, um sacrifício místico.

O telefone, invento recente e precário aquando da época em que foi escrita a peça, é o instrumento sacrificial.  Um objecto técnico que escapa ainda ao controlo dos seus utilizadores, logo fonte de incerteza e angústia. Um obstáculo á comunicação, na medida em que torna a voz o único veículo de comunicação entre os dois, subtraindo-os ao confronto físico e ás indecisões dos corpos.

Cocteau antecipa os pensadores e os factos contemporâneos, expondo a ideia que o objecto técnico reduz ainda mais os homens á solidão, quando seria suposto permitir uma maior aproximação e comunicação entre as pessoas.

É através da mediação do telefone que a personagem sabe à partida que perdeu o jogo

A peça termina numa simulação da morte, como certos animais que se fazem de mortos para lhe tentar escapar. Fica, no entanto, presente na memória do espectador a imagem de uma voz que se esvai, gota a gota se derrete patética, como um boneco de neve exposto à dor de um sol intenso.

Adaptação de um texto de Carlos José para o Grupo de Teatro Hoje

ESSA TRIBO DE POETAS MALDITOS

…ele sempre sentiu que estava a trabalhar numa espécie de terra-de-ninguém e que pertencia a essa tribo de poetas malditos que são, num sentido profundo, marginais à sociedade do seu tempo.

Neal Oxenhandler. “The Theater of Jean Cocteau”. In Jean Cocteau and the French Scene

Isabel Ganilho (actriz)


C   a   r   l   o   s       C   u   r   t   o

Vivendo desde muito jovem ligado ao meio jornalístico, cedo se iniciou em actividades ligadas à cultura de uma forma não especificada nem sistematizada. A criação do Centro Cultural de Setúbal, permitiu-lhe o início de uma carreira de Animador Cultural como profissional a partir de 1977. Esta actividade cessaria em 1983 com o lançamento de uma recolha de poesia popular do concelho de Grândola.

Desde essa altura tem-se dedicado ininterruptamente ao teatro como encenador. Primeiro em Setúbal com o T.A.S.- Teatro Animação de Setúbal, e grupos amadores da região. Posteriormente tem participado como encenador convidado ( Lisboa, Porto, Aveiro, Coimbra, Beja e Sines.) por grupos cuja actividade é centrada no trabalho de pesquisa teatral e na procura e articulação de novas linguagens, com os quais tem montado diversos espectáculos.

Em exibição no Teatro de Bolso: Nos meses de Outubro e Novembro De quinta a sábado às 22:00

Domingos às 16:00